– boa noite, moça.
– ó, boa noite.
– deixaram essa caixa pra senhora.
– ah, brigada!
[era uma caixa quadrada, de uns 25×25, enrolada em papel pardo, com cordinha]
– me fizeram assinar um papel, aí eu assinei e coloquei minha identidade.
– ah, que gentil! Obrigada mesmo.
– que será que é, heim, dona?!
– não sei…
[sacudimos a caixa e não fez nenhum barulho]
– não vai abrir.
– ora, vou, mas lá em cima.
– amanhã a senhora me conta o que era?
– se não for coisa feia, conto sim… e se o senhor parar de me chamar de senhora, eu sou uma mocinha ainda, por favor. Hehehe…
– ta bem, dona.
– dona o caralho, hehehe. Até amanhã…
– até…
[sacudi de novo no elevador] [não tinha remetente] [ não tinha marca de nenhuma loja de brindes] [não tinha nada] [só a caixinha, o papel pardo, a cordinha e o meu endereço] [quem saberia o meu endereço?] [cheguei] [ bolsa no sofá cor-de-laranja] [caixinha na mão] [abrir a caixinha na varanda] [conter a curiosidade] [conter] [conter] [abri] [oh] [sweet] [so] [sweet]
– bons sonhos.