tirei uma foto com a webcam e dupliquei pra expressar o coitadismo. faz uma semana q tenho uma pedra no canal do meu rim direito e tomo remédios paleativos pra respirar sem hurrar. desde ontem peguei a maior gripe do universo, sinto meus pelinhos do corpo queimando contra a pele e meu nariz tá assado. arrumei um amorzinho há 10 dias e na sexta descobri que ele era um impostor. deve ter seus motivos. acabou meu atestado médico e trabalhar hoje foi um peso. sinto dor e cansaço. na sexta, 5:30 chega o Misko, um escolvaco que vamos receber aqui em casa por três meses. na terça deve chegar a espanhola, ficará por seis meses. conheci um rapaz bacana na internet e me deu vontade de tomar um café com ele. sexta terei todas as minhas melhores amigas del mundo reunidas. quero uma festa do pijama domingo pra chorar e pedir conselhos de vida. não sei mais se quero ir embora. não tenho a menor certeza de que quero ficar. a azeitona é louca e tem um espírito que divide apartamento conosco. pus uma lasanha de 4 queijos pré-pronta no forno e não sinto gosto de nada. na sexta tem as formaturas da comunicação. são três festas e um monte de queridos entrando de vez pra esse mundinho da comunicação. vou chorar, certo que vou. meu sobrinho nasce em abril e minha cunhada tem a maior barriga do universo. comprei umas calças com braguilha pra ele. to com saudade de casa. quero um namorado. beijos.
Mês: fevereiro 2009
tristeza
não tem fim
felicidade, sim.
Sábado
manhã
alimentar a cã e dar carinho – ok
colocar lençóis na máquina – ok
especialista de rins – ok
locar filmes – ok
chimarrão com a mãe – ok
tarde
cochilar com a mãe – não realizado – cochilada sozinha
comprar produtos de limpeza – ok
contratar uma faxineira – ok
faxinar todo o apartamento – ok (com direito a escovar a sacada com cloro e extrair musgo do concreto da parede)
dar banho na cã – ok
comer uma taça de sorvete de morango com gelatina – ok
noite
arrumar uma atividade divertidíssima – não realizado.
Amorzinho – O Final.
Reconhece-mo-nos como quem há uma semana dividiu passados e risadas. Sim, eu quis causar desconforto. Ele não moveu os lábios. Minhas mãos tremeram. Primeiro tu tens aquela coisa do coitadismo e da auto-piedade. Passado isso vem aquela coisa de pensar que nada, nem significava nada, esse tipo de homem gosta mesmo de mulherzinhas-de-sandálias-rosa-e-cabelo-ruim. Logo infla o peito e pensa que sim, tu é muito melhor do que ela, muito mais novidade, muito mais independente e objetiva. É. Depois volta o coitadismo, levo as duas mãos à cabeça e quero me auto-fazer-carinho. Depois volta a fortaleza. A amiga está ali pra dizer que coisinhas assim passam e que não sei o quê. Entre coitadismos e fortalezas passei minha primeira noite de carnaval.
–
E não venha com esse papo de carlinha como tu és bacana e consegue ficar super a vontade levar horas de papo alegre sem perder o fio da conversa que tu sabes os momentos e os assuntos e as fugas e prende os olhares. Bacana só se for pra quando tu estiveres disposto a entender que não se entra na vida de uma garota que-era-triste e vai embora sem lavar os lençóis. Faz tempo que não digo isso: vá cagar!
Dia de Rins
viroses
quem já vomitou mais de 24 horas seguidas sabe do que estou falando. quero a minha mãe.
amorzinho
…então eu ri. Alguém que gostava de fingir queria dançar comigo em um bar onde não se dança. Dançamos e falamos espanhol. E inglês. E outras 4 línguas que não conheço. Ah você é publicitária. Ah você não é de Santa Maria. Ah você tem uma banda. Ah você mora sozinha? Ah é a primeira vez que tu vens aqui? Ah eu só vim pra te conhecer. A mesma quinta. A mesma quinta e o segundo bar. A mesma quinta, o segundo bar e um coração nunca antes tão acelerado. “Te levo em casa” – entre outros sussurros e suspiros. Coração disparado. Eu estou só. Eu também. Podíamos estar juntos por hoje. E também por amanhã e depois. Promessas vagas entre suspiros, carinhos e lençóis.
O sol nasce. Ele pergunta sorrindo com um olho só: “mais meia hora? pode?”. Pode, pode ficar todas as meias-horas que tu sentires vontade. Fica pra sempre que eu vou trabalhar e já volto, trago comidas e novidades da rua. Te encho de informações e carinhos e tu ficas aí, me pagando com sorrisos e mentiras.
Sexta. Sexta de manhã. Sexta de manhã, eu, a cama desarrumada, o maior sorriso do mundo e um coração pronto para se apaixonar por nada.
Age of Aquarius
When the Moon is in the seventh
house/and Jupiter aligns with
Mars/Then peace will guide the
planets/and love will steer the
stars/This is the dawning of the Age of Aqua-
rius/Age of Aquarius/Aquarius!
–
É hoje.
Não gosto de Heineken.
Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. Na verdade, não aconteceu quase nada. E estar dentro daquilo era bom. Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas. De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.
(Fragmentos invertidos das Pequenas Epifanias do Caio F. Abreu) (me permiti encontrar uma nova ordem)