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Trust us, it’ll all come together in the end.

Depois que me disseram que ando com cara de “cú com câimbras”, resolvi traçar os meus planos de dominação do mundo. hehe, vejam:

Your objective is simple: World Domination
Your motive is a little bit more complex: Evil – It’s my nature

Stage One:
To begin your plan, you must first Seduce a Town Mascot. This will cause the world to sit up and take notice, stunned by your arrival. Who is this Despoiler of all that is Good and Nice and True? Where did they come from? And why do they look so good in Classic Black?

Stage Two:
Next, you will Sabotoge the Internet. This will cause countless hordes of Cultists to flock to you, begging to do your every bidding. Your name will become synonymous with Fuzzy bunnies, as lesser men whisper your name in terror.

Stage Three:
Finally, you will Demonstrate your Doomsday Device, bringing about Pain, suffering, the usual. This will all be done from a Dark Side of the Moon, an excellent choice if we might say. These three deeds will herald the end, and the citizens of this planet will have no choice but to elect you their new god.

Trust us, it’ll all come together in the end.

domine o mundo você também: http://members.tripod.com/~mrpuzuzu/plan.html

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utilitarismo

– Eclética você, heim, moça?! Stuart Mill, Mário de Sá Carneiro e Cláudia Tajes em “Pernas de Úrsula”?!
– é, o que é que tem?!
– bom, nada… é que…
– quanto foi? To com frio.
– 41 reais, no cartão?
– não, à vista.

[se ele soubesse o quão fodida estava para pagar alguma coisa no crédito…]

– Moça, você tem namorado?!
– Eu?! Porque quer saber?!
– É que a gente ta com uma promoção do dia dos namorados… Preenchendo o cupom você concorre àquela cesta de livros pra dar pra alguém especial.

[que tontos, quem mais especial do que eu pra ganhar a cesta com os livros repetidos?]

– sim, tenho namorado!
– ótimo, preenche ali e deposita na urna.

[preencher… nome do namorado, declare o seu amor, a melhor frase tem mais chances] [preencher… nome do namorado, declare o seu amor, a melhor frase tem mais chances] [preencher… nome do namorado, declare o seu amor, a melhor frase tem mais chances] [preencher… nome do namorado, declare o seu amor, a melhor frase tem mais chances] [preencher… nome do namorado, declare o seu amor, a melhor frase tem mais chances]

– ó moço, não vai dar pra escrever a declaração.
– mas porque?!
– tem um vento frio fazendo voltas aqui dentro.
– quer que eu feche a porta?!
– não, é aqui dentro de mim, mesmo. Deixa a cesta pra quem vai ler de dupla, embaixo das cobertas.
– mas, moça…
– tudo bem, rapaz. Eu me ajeito nesse frio, com o utilitarismo do Mill. É, eu me ajeito… brigada.
– moça, aqui ó, teus livros.
– ah, brigada.

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Domingo

Caio Fernando Abreu


Sobre a mesinha, ao lado da pilha de livros, o cinzeiro cheio de resíduos, bolinhas de papel, pontas de cigarro.Recostado na mesa, o corpo, na ponta do corpo a mão, na ponta da mão os dedos avançando até o maço. Vazio. Revira o cinzeiro, um peso na cabeça, escolhe a ponta maior. Um último palito de fósforo na caixa. A chama. Azulada. Traga lento, depois solta a fumaça pela boca num jato, fica olhando o fiolongo sugado pelo vento da janela aberta. Pela janela aberta, o silêncio do domingo impresso num céu sem cor. Na rua deserta de rumores: domingo. Abre um livro. Os dedos circundam as letras, a unha do indicador amarelada pelo fumo, os dedos acariciam as letras como se fossem carne. Carne desconhecida,sem interesse. Um pouco fria. Letras que não dizem nada, gesto cansado, dedos que voltam à posição anterior mas, inquietos, sobem pela camisa, libertam o último botão da calça. Dedos que entram no peito, passam na pele, alcançando o pescoço, o rosto onde a barba não feita fere de leve. De um apartamento ao lado o vento rouba uma música do rádio e a traz para junto de seus ouvidos. Um samba. Gosto desse samba, pensa distraído, liga o rádio, coincidência, exatinho na mesma estação, dedos agora acompanham o ritmo batendo na colcha, mas o pano não faz som, é preciso bater na mesinha, madeira sambando, a melodia escorrega devagar pelo lado do cinzeiro, se espalha no chão. A voz acompanha baixinho a letra melancólica, amor, flor. Esmaga a ponta do cigarro na parede, atira-a sobre assoalho, a mãe vai reclamar, nunca viu tanto relaxamento nem tanta preguiça num corpo só.

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auto-retrato

Giz-pastel-seco-tinta-guache-vermelha-lápis-seis-bê-dois-bê-agá-bê-borracha-papél-duro-amarelado-a-três-ofê-séte-a-quatro-espelho-sofá-auto-retrato-cuerdas-del-sur-me-deliciando-com-Ausência-e-Charleston-e-Swingando-En-El-Subte: auto-retrato.

Assim, numa quinta-feira fria (muito, muito fria) e solitária (muito, muito solitária) fui, não gratuitamente, claro (“desenho criador”, da pós), de encontro a mim mesma. Assim, sem poder de decisão, numa quinta-feira fria eu e um espelho buscando a essência, o verdadeiro tom dos olhos, o verdadeiro desejo da boca, a verdadeira vontade do cabelo que não sabe se é loiro, castanho ou vermelho. Eu ali, oferenda pra mim, desconhecendo a altura do nariz, o lado certo do piercing, a vontade do traço.

Eu, com medo de mim mesma, primeiro ousando descobrir-me com lápis e muita, muita borracha. Medidas. Proporções. Fotografias. Poderia ter pego uma, ampliado, impresso e redesenhado. Mas não, eu quis buscar na matriz, quis descobrir as curvas nunca antes visitadas por mim mesma. Ali, eu, o espelho, o lápis, o traço medroso buscando o auto-retrato.

Nossa, sou tão feia assim? Até que o nariz é bonitinho, e a boca vermelha parece de boneca de porcelana mesmo. Malditos cabelos indefinidos, malditos olhos sempre entre o verde-e-o-castanho. Benditos olhos que não repetem tons. Como eu gosto dos meus óculos. E olha a minha cor?! Nem é branca… É de um rosa pálido, um rosa antigo, um rosa de papel de parede gasto.

Livre, e de repente já tinha trocado o sofá pelo chão, o lápis pelo pastel, o medo pelo ritmo da música, as medidas pelos exageros, os limites pela tinta no chão. Eis-me. Assim. Auto-retratada. Talvez diferente de tudo que eu pareça para o mundo, mas exatamente como me conheci hoje.

O verde no fundo, não pelo passado, não pela esperança que pouca – ou nenhuma – gente sabe que ele representa, mas porque combina com o vermelho tímido da minha boca, que não sorri, mas não é triste.

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reflexões

Quando cheguei em Passo Fundo, atravessando a interminável e curiosa Avenida Brasil com seus canteiros largos e banquinho simpáticos, senti uma coisa meio claustrofóbica, meio que pensei “esta cidade vai me pegar”. Saí de Santa Maria, da querida Santa Maria, para lugar qualquer… Para qualquer Passo Fundo, sem medo de pisar torto.

Não foi preciso estar aqui dois meses para perceber que essa cidade tem sede. Que as pessoas dessa cidade têm sede, mas não sabem beber. Que eu tenho sede, mas me afogo fácil. Falo em sede cultural… Ouvi burburinhos em bares onde papagaios citam “Godard” e todo mundo fala do “Cinema Novo” e do “Atual” sem saber o que de verdade acontece com o nosso cinema, inclusive eu.

A quantidade de pessoas usando jeans, barbas, saias xadrezes ao joelho e casacos de veludo cotelê é consideravelmente menor do que em Santa Maria, mas é consideravelmente mais aparente do que lá. É mais moda. É mais cult. É mais estético.

Quero conhecer pessoas, e juro que quero aprender com elas. Não pretendo ficar sentada em frente a um computador escrevendo roteiros de varejo, não, isso me assusta. Mas, sabe o que? Não consigo porque as pessoas são arrogantes o suficiente pra não admitirem seus desejos e fraquezas… “a gente toca por tesão, sem galho”. Frases prontas, diálogos forçados, pensamentos anulados por um bando de engravatados que sabem ler boas críticas de internet.

Não sei onde vou chegar com uns resmungos dessa índole. Entendam que são apenas reclamações de uma guria que se mudou do interior pro interior e quer fazer um pouco de barulho. De uma guria inquieta, decidida a ir além da superfície do Passo Fundo. De uma guria já cansada do apartamento colorido e dos choques culturais que sofre cada vez que entra no “Bond Busca”.

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vai saber…

– oi…
– oi! quem é?
– adivinha…
– humnn… hehe… humm… fala mais pra eu ver…
– tomei uma cerveja com o Adroaldo ontem, no Vírgula. Ta bem loco o velho, tri “facero”, conseguiu o trampolim aquele, parece que agora só vai ter os peixinhos dourados dele lá no aquário de novo…
– ah, já sei: Playmobil.
– hehe, adivinhou! Mas deixa eu te contar…

(20 minutos depois, é, aham, que bom, massa, tri)

– e tu guria, certinho?
– é, tudo certinho.
– pois é, fico feliz em saber que está tudo certinho aí.
– é, bom saber que tou certinha também.

[reflexão: Bem certinha. Aham. Pitombeira.]

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pra que serve um brógue?

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diazinho estranho

enviar/receber
enviar/receber
enviar/receber.
Nada. Desde às nove da manhã e nada que não sejam spams perguntando se quero aumentar o tamanho do meu pênis ou emagrecer dormindo. Hoje também veio um me oferecendo remédios que só podem ser comprados com receita médica.

Cliques duplos no homezinho verde do msn
Cliques duplos no homezinho verde do msn
Cliques duplos no homezinho verde do msn
Ninguém. Sim, algumas pessoas com suas bandeirinhas de “ocupado” levantadas, incruzive eu. Sem saco pra papo. Com saco pra papo. Sem saco. Com saco. Nem sei.

Diazinho estranho. Sem vento. Sem amarelo. Dum tom de azul sujo, que não chega a ser cinza nem sépia. Meio sem-graça. Inibido. Tímido.
Um monte de post-its, um monte não, quatro post-its. Cinco jobs. Nenhuma vontade.
Apartamento sujo. Roupa suja. Cabeça suja.

A c u m u l a n d o tendéis.

Diazinho estranho.
Né? Eu queria ter a coragem de Grace e fazer bang-bang na minha Dogville.

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segredos

Sonhei que tinha recebido a minha caixa de pertences, enquanto eu abria, a tua voz invadia a minha mente explicando o que era cada coisa… Entre a escova de dentes, os brincos e os lacinhos do cabelo tinha uma caixinha de veludo preta, e eu podia sentir o teu sorriso nas minhas “espaldas”: “era o presente que eu te devia”. Eu fiquei em silêncio enquanto abria e descobria os pingentes ocasionais, com instruções de uso… “é cobre puro”. Depois caí em pranto, porque “apesar de”, tanto carinho em sonhos ainda me trazem momentos de ternura.

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pra ter o que falar

Os oito últimos dias foram um verdadeiro caos. Talvez os 12 últimos dias. Melhor, os 42 últimos dias tinham sido uma tormenta absurda. Mas, principalmente os últimos oito. Coitada dela, até ajeitar um canto que agora chama de dela e depois ficar no tal canto medindo as paredes com os olhos e apertando os suspiros pra não desmoronar ali, sozinha. É o canto mais colorido que ela poderia imaginar. A cara dela. Até o ato de colocar o papel higiênico no suporte com bolas verdes parecia um ritual de desapego. Depois fazer o chá verde na caneca de espirais laranjas. Depois colocar um disco de jazz e fumar um cigarro de cravo na sacada, olhando o nada e esperando qualquer vento que a tocasse. Nada. Pensou em jogar os cactos do sexto andar, só pra causar dano, pobre dos cactos. Vestiu todas as roupas da arara fazendo combinações divertidas. Leu três revistas com as pernas pro ar. Viu seis filmes. Comeu duas barras de chocolate e duas bacias de pipoca. Chorou. Andou pela calçada de saia e sandálias, carregando livros pra ver se alguém batia, derrubava e ela pelo menos podia dizer “não foi nada”. Depois escreveu alguns roteiros. Fez algum trabalho. Tomou alguns cafés. Depois veio a segunda e a maldita terça. Esfriou muito e ela finalmente pode usar os cachecóis e os lenços coloridos. Ela teve frio e febre, e descobriu que era metade do caminho pra alguma coisa importante. Tudo bem, ela nem se achava grande coisa mesmo. Depois de saber que era metade do caminho e de contarem pra ela que ela era importante e querida ela desmoronou. Desmoronou porque tudo acontecia com ela, coitada. Tudo bem que não estava em paz com ninguém, porque não tinha/tem ninguém. Nem com ela mesma estava em paz, mas queria e gostava de pensar que sim, que estava. Mas não estava, facto. Ela não entende de ser valente, até pensava que entendia, mas cansou de pensar e decidiu virar covarde. Não dá?! Ok. Anda fraca, a pobre. Não quer mais insistir sem fé. Não quer mais dar a cara a tapa. Acha que incorporou o egoísmo. Acha.


Sabe o que aconteceu com ela, daí?
Depois daquele que foi o segundo pior dia da sua vida, passou no supermercado, pensando encontrar algum entendedor de vinhos que a ajudasse a escolher. Não encontrou o entendedor, mas encontrou uma porção de vinhos. Comprou um. Um chocolate. Um cigarro de cravo. Uns panos amarelos de copa. Uma taça. Até pensou em comprar duas, mas, pra que?! Comprou uma, voltou pra casa tilintando de frio pelas calçadas vazias e fez um brinde à sua mais sincera companhia: ela.