Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir.
Tag: coração
es lo que hay
nadie dijo que hiba a ser facil. ayer era más temprano. la vida es injusta. hoy es más tarde que ayer. nadie dijo que hiba a ser facil. eso es lo que hay, nena. sabés qué, pelotudo, no puedo seguir mirando un minuto más a un infeliz cómo vos. eres más pelotudo que las palomas. andá a la recalcada concha de tu abuela, hijo de remil putas.
last time
Chorando, retiraram seus corações como quem retira pérolas de ostras, observaram as manchas, pensaram em polir e recolocar, não fizeram. Apenas retiraram seus corações do peito tão cuidadosos como quem retira pérolas de ostras e deixaram expostos sobre as cinzas dos cigarros recém fumados. Então dormiram tão abraçados como se fossem apenas um. Ou tentaram.
Pela manhã, os corações estavam secos.
de julho pra cá
TPM
Brinquei de Barbie até os doze anos de idade. Tive uma recaída aos 13, quando fui visitar uns parentes no Mato Grosso e passei uma tarde de domingo brincando com uma prima um ano mais nova – que já está casada, tem dois filhos e, imagino, um microondas amarelo – neste dia ela me passou piolhos – ela sempre, desde que comecei a ter cabelos, me passou piolhos nas férias. Nos divertíamos tanto.
Deixei de brincar de Barbie porque todas as minhas amiguinhas começaram a ter relacionamentos reais ou, pelo menos, começaram a se apaixonar platonicamente. Nesta época meu grande amor foi o Leonardo Di Caprio, mas eu abriria mão dele se alguma delas topasse brincar comigo. Fui deixando a fantasia, também, pois o segundo grau não é um ambiente propício para bonecas, mas para vinho de garrafa plástica, cigarros e pegação. No segundo grau eu tive dois amores platônicos secretos.
Meu primeiro beijo foi aos dezesseis, a última das amigas a ter “esta experiência delirante”. Nem preciso contar que me apaixonei e que o moço nunca me deu bola, né? Nunca me deu bola vírgula, ano passado freqüentou o meu bar cativo na Santa Maria e me convidou pra dar um role. Claro que meus joelhos tremeram, mas só de lembrar o quanto chorei por ele (hahaha) empinei o nariz e disse que já era tarde. (rancor_mode_on).
Eu gosto muito da minha vida. Quando trabalhava, gostava muito do meu trabalho. Eu já adoro meu futuro trabalho – que nem sei qual será – e me vejo nele, super-me-divertindo nas madrugadas, pedindo empanadas por delivery e ensinando palavrões em português pra galere. Passo muito bem com meus colegas do mestrado. Fazer os trabalhos é um pouco pesado, mas consigo direitinho e tenho tirado boas notas.
Eu gosto muito da minha vida, mas é melhor quando estou apaixonada. Isso motiva. Impulsiona. Deixa a pele coradinha. Mas não é fácil, galere. Pouca gente leva a sério um amor levinho. Amor levinho não é putaria, não. Amor levinho inclui encontrinhos e casas separadas. Amor-levinho-bom desses que não te pressionam. Desses que se trocam e-mails surpresa, mensagem na madrugada e que tu chega a sentir saudade. Amor levinho pra escutar músicas bonitas, escrever poemas na bordinha do caderno durante a aula chata. Amor levinho pra comprar presente de natal e fazer um plano bonito pro final de semana. Ai ai.
Quando eu ainda brincava de Barbie, doze anos atrás, antes de beijar a gatinha da Barbie o Quen (m?) sempre a pedia em namoro. Depois do meu primeiro beijo, beijei um monte de gente, não sei quantos, não tenho um caderninho. Acho que foi pra recuperar os anos não-investidos. Mas sei lá, agora, com 24 anos, já não pega bem beijar um monte de gente, né? Meio que fui deixando de lado como fui deixando de lado as fantasias da Barbiel. E agora, José?
Eu não quero ter um apartamento com pé direito alto, fumar, beber conhaque de manhã e ter um gato. Na-na-ni-na-não.
passiva
às vezes acordar. o braço esquerdo tão comprido, tão comprido que esticado toca o chão, tateia o celular e percebe que já passam das duas da tarde. em qual dos horarios? o daqui ou o de lá? a cabeça volta a afundar-se no travesseiro que tem o cheiro dela mesma. sente os pés no fundo do edredon de penas. com o braço direito, comprido, comprido, acaricia a barriga, os seios e coça as próprias costas. virar-se? as mãos unidas suspendem a nuca. lembra do sonho. pensa em anotar. desiste. às vezes acordar.
o detalhe
lembrança
é porque ele foi o único que dormiu sorrindo. eu acordava, o braço dele envolvido em mim. a mão esquerda adormecida nos meus cabelos. um sorriso bonito. uma vida inteira. eu acordava e ele sorrindo feito esses anjos que a gente nunca viu mas sempre falam que dormem leves e puros e limpos e lindos e zaz. eu até pensei em tirar uma foto, mas pra isso teria que me desprender do carinho. eu não queria.
e se fechássemos os olhos neste instante assim mais forte um pouco mais forte encolhendo os lábios de tanta pressão nas pálpebras que cor você vê? eu vejo amarelo na verdade eu vejo um pouco de amarelo sobre o preto não não sei o que isso significa talvez ânsia,
tinha que ser proibido conhecer pessoas interessantes quando se está saindo de uma cidade, da última vez que aconteceu com uma amiga, ela voltou pra cidade de onde havia acabado de sair. essas coisas do coração, sabe? eu me proibo, eu me nego. hahahahaha. medrosinha, vai lá, toma o café, não vai morrer.
e tu jah tentou pressionar os dentes os terceiros molares contra os terceiros molares até sentir uma dor e ouvir um zunido agudíssimo? é engraçado porque parece que tem alguém coletando sangue do teu braço enquanto tu sobes a serra e o ouvido fica meio tapado sabe mas engolindo uma saliva bem grande destranca,
eu só digo essas coisas, porque é muito mais fácil não ter apego. tu já não tem mais objetos pra se apegar, né? o que tu tem nas mãos agora?
quando faz muito frio eu penso que as mãos vão congelar e que os dedos vão se desprender delas tipo aqueles gelos pontudos que nascem nos congeladores das geladeiras como se fossem uns picos de cavernas secretas da terra do papai noel
a mochila e o destino. umas vezes a gente tem que ir embora não pra ganhar mais dinheiro, trabalhar menos ou ter vida mais fácil. a gente tem que ir embora pra se renovar. não que todas as pessoas necessariamente tenham que se renovar e ficar indo embora. a gente tem que ir embora pra procurar. só isso. sabe?