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passiva

você não sabe, mas é bastante complicado disfarçar a angústia por uma espera inútil. você não imagina como eu te esperava quando marcávamos qualquer coisa. você quase nunca vinha. mas quando vinha sem avisar, me crescia uma alegria quase insuportável por estar ali. então eu ficava mais bonita. eu sei que você não fará nada, eu sei que não devo esperar absolutamente nenhum movimento seu. tem gente que é assim. eu sei. mas sempre fico querendo te dizer de como eu esperava você passar. cuidava pela janela do ônibus quando cruzava pela sua rua. esticava o pescoço e me punha nas pontas dos pés diante de qualquer multidão. ninguém sabia porque. talvez nem eu. você quase nunca estava lá. estou meio repetitiva, eu sei. mas queria quer você soubesse como eu te esperava. e que sou consciente de que essas esperas foram sempre inúteis.

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malígno gênio enganador

ele a evoca em pequenas pinceladas, pois em seus sonhos ela é do tempo das qualidades sensíveis que detém o que ele quer segurar – como seguramos o copo de cerveja depois da terceira garrafa – por muito mais tempo que uma história. um tempo que ele encerrou naquele lugar que ocupa todo o intervalo a frente do seu presente, acima do seu passado, com suas flores perfumadas e árvores carregadas de frutos.

até quando? – perguntamo-lhe nos, os desacreditados, os mutilados, os escalavrados e abandodados do amor.
até que me permita sonhar. – responde ele, tão rude, tão sério, tão ingênuo e tão fiel, baixando levemente o rosto e olhando para trás do próprio ombro direito, retomando o pincel, farto de nossas presenças.

no entanto, pressente-se o risco – um concluio, uma trapalhada – e compreende-se a prudência de Freud.
Me voy, buena suerte y hasta luego.