Tag: santa maria
TchuZirouZirouNaine
Dois mil e nove começou com um tapa na cara. Espumante cara bebida em ambiente de paredes que transpiraram por incoerência qualquer. Teve muito trabalho, plano, morar semi-sozinha, criar uma cã louca e conhecer marcas de papel higiênico. Foi ano de aprender uma frase em eslovaco e ficar um mês sem comer carne. Ano de amigas. Noites de amigas-e-conversas-até-vir-o-dia. Ano de cálculos renais, dias de hospital e carnaval com água e gomas do wall-e. Ano de filmes. Ano de sair da província e desembarcar num foco da gripe A, com uma mala vermelha e uma carta de aceitação em mestrado bonito. Ano de ser roubada e ficar angustiada por não ter um lar. Ano de pedir demissão, formatar o computador e desapegar de tudo aquilo que não servia mais – ou melhor, de tudo aquilo que não cabia na mala. Ano de emagrecer e engordar. Ano de amorzinho. Ano de praia no inverno com amigos e dor de garganta. Ano de conhecer a bile, em seu mais verde-ébrio possível e não sentir vergonha de relatar a prisão de ventre aos mais queridos. Ano de pintar o cabelo de cor de rosa e depois se arrepender. Ano de muito trabalho. De freelas. De filmes. Ano de festival de cinema e de prêmios. Ano de dívidas e insônia. Ano de yoga-macumba-missa-cartas-horóscopos-flores-incensos-fumaças. Ano de tragédias. Ano de choros. Ano de mortes. Ano de vida. O sobrinho mais lindo do mundo te estende as mãozinhas. Ano de alegria. Ano de conhecer gente nova. De dividir a vida. Ano de abrir mão da comida da mãe e sentir falta de alfaces. Ano de gente. Ano de solidão. Ano de pintar paredes, comprar livros e entender Aristóteles. Ano de emprego novo e consórcio contemplado. Ano de show não ido e de beijo roubado. Ano de marcas não terminadas e de perguntas pendentes. Ano de portas abertas e feridas extremas. Ano de dizer não. Ano de entender que a escuridão é amiga dos sonhos e que dormir é extremamente necessário. Ano de saudade. Ano três em um. Ano de confusão.
Acabou. Não tem jeito. =)
entre as perdas e o tempo
perdi o celular e comprei um despertador
perdi o ônibus e viajei de trem
esqueci o mapa e ganhei a quadra
na quadra encontrei o moço
no moço vi um sorriso
na quadra que ganhei e que tinha um moço onde vi o sorriso também tinha um buraco
no buraco eu caí
aí, o despertador que comprei por que perdi o celular tocou tarde, perdi o ônibus e viajei de trem (sem mapa): fim.
de julho pra cá
to viva, parte 2
agora eu passo 19 horas por dia conectada, sonho que estou conectada e nao tenho tempos disponiveis para atualizar o brogui. e tambem nao tenho acentos. e confesso que estou escrevendo em um caderninho antes de dormir. mas nao, nao vou deixar escrever por aqui porque isso eh muito blase e ainda nao tenho tal nivel intelectual – risadinha.
tirei meu primeiro NOVE do mestrado, foi no trabalho de ETICA – aquele que eu tive que ler aristoteles, lembram ? fiquei feliz.
Detalhe eh singular
e a minha alma de mac esta sem acentos, espero que entendam. como disse o canterle, a gente nao esperava muito do Detalhe. ele nao foi produzido para passar na tela grande e nem pra fazer da Fran a melhor atriz pela mostra nacional. ele soh tinha a responsabilidade de tentar ser sutil ao mostrar que a transmissao vertical da aids eh uma realidade e que muitos adolescentes sao mais fortes no trabalho de viver – com essa coisa – do que muitos de nos, adultos e saudaveis, com alguma gripe de sete dias. a ideia do Detalhe era materializar uma tese de doutorado sem apontar graficos. era condensar a [d]pureza de historias incrivelmente reais em um relato fluido e leve. o Detalhe nao sabia direito se era um documentario. a gente preferiu chamar de mockumentary, mas depois chamou de curta. o Detalhe queria cumprir um objetivo, acho que deu certo: representou a tese e foi academicamente bem visto. depois fez mais. foi meio alem e nos deu um monte de presentes no smvc. e pode parecer pedante dizer que a gente nao esperava nada. hehe. mas assim foi.